|
..:. TEXTOS
Para diante porém o que vemos? A guerra multiplica os seus teatros; recrudesce de intensidade; alastrando pelo Mundo, deixou só, até ao presente, pouco mais do que pequenas ilhas isoladas. Os doidos ventos desta imensa tempestade demorarão a regressar às suas cavernas. A extensão do conflito, a profundeza dos problemas, o intrincado das questões postas, o valor das destruições materiais e morais, o conflito dos interesses e das concepções, a distância entre as ideias construtivas - tudo atinge tais proporções que me parece excederem já a capacidade dos homens ou dos povos: julgo que ninguém poderá dizer com segurança que a guerra se manteve nos limites das suas previsões e a paz se fará nos tedmos precisos dos seus intentos. Para além da vontade dos homens imprimirão o seu cunho os acontecimentos. A Humanidade certamente ressurgirá e retomará o seu caminho, sem que esta esperança alivie a angústia dos que vão mergulhando nas trevas e possa a nossos olhos diminuir a grandeza das catástrofes. Como hão-de os timoneiros conduzir os seus pequenos barcos sob tão forte temporal? Podem distinguir a luz, indecisa embora, dum porto longínquo no meio das trevas? E manterão as suas certezas no meio da grande dúvida universal? E terão a alma forte entre as derrocadas s os perigos? E serão dignos no meio das fraquezas humanas? E conservarão o coração aberto, sensível, fraterno no meio dos egoísmos dos homens e das nações?
Florilégio de pensamentos- Algumas das Mais Belas Páginas de Salazar (34)
No meio do egoísmo dos homens e das nações – Discursos, Vol. III, págs. 316 e 317 Edições Panorama - Lisboa 1961 Consultar todos os textos »»
|