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Da forma como despertámos para a independência, misto de religiosidade e de sentido político na luta contra o sarraceno, e da vocação apostólica e universal do catolicismo que nos estava no sangue, nasceu, com o expansionismo das navegações, o ideal missionário. Pouco importa que alto pensamento de política comercial e marítima determinasse o escol dos dirigentes a buscar novas rotas e descobrir outras terras; o constante apelo à evangelização dos povos, a par e passo das descobertas e da colonização, marcaria, senão a conciência religiosa do Poder, ao menos a mobilização do sentimento público para facilitar e empresa e tornar suportáveis, através do reconhecimento de alta missão espiritual, os sacrifícios que custava. Assim se compreende essa arrancada para a evangelização que multiplicava as forças das ordens religiosas e gerava novas cristandades; assim se compreende o espírito da nossa dominação e das relações com os indígenas, muito antes que se invocassem pela Europa as exigências do humanitarismo; assim se compreende o afecto, a filiação espiritual de muitos povos e raças que não dominamos já politicamente. Povo descobridor, povo colonizador, povo missionário - tudo é revelação do mesmo ser colectivo, demonstração ou desdobramento da mesma política nacional. Quer dizer: não pode pôr-se entre nós o problema de qualquer incompatibilidade entre a política da Nação e a liberdade evangelizadora; pelo contrário, uma fez sempre parte essencial da outra.
Florilégio de pensamentos- Algumas das Mais Belas Páginas de Salazar (27)
Vocação apostólica e universal – Discursos, Vol. III, págs. 233 e 234 Edições Panorama - Lisboa 1961 Consultar todos os textos »»
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