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A descoberta abnegada e teimosa é sem dúvida um título; o sangue dos soldados, nas lutas da ocupação, selo material da posse; mas o que está feito é mais – é a fusão da raça e da terra, o alargamento, até aos confins do sertão, das estreitas fronteiras da Península, a mesma Pátria reproduzida, alma e sangue, ao modo de mãe em seus filhos. A charrua penetra o solo mais que o ferro da espada; o suor fertiliza a terra mais que o sangue das veias; o espírito afeiçoa e transforma os homens e a natureza mais profundamente que a força material dos dominadores. As fundas pegadas e traços que ficaram de nós na terra e nas almas, por muita parte onde não é hoje nosso o domínio político, e têm maravilhado os observadores desde as costas de Marrocos à Etiópia e do Mar Vermelho aos Estreitos e ao Mar da China, vêm exactamente de que a nossa obra não é a do caminheiro que olha e passa, do explorador que busca à pressa as riquezas fáceis e levantou a tenda e seguiu, mas a do que, levando em seu coração a imagem da Pátria, se ocupa amorosamente em gravá-la fundo onde adrega de levar a vida, ao mesmo tempo que lhe desabrocha espontaneamente da alma o sentido da missão civilizadora. Não é a terra que se explora: é Portugal que revive.
Florilégio de pensamentos- Algumas das Mais Belas Páginas de Salazar (25)
A fusão da raça e da terra – Discursos, Vol. III, págs. 178 e 179 Edições Panorama - Lisboa 1961
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