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A inteligência dos homens esclarecidos e patriotas, reflectindo sobre os factos deste momento e suas possíveis interpretações, os sentimentos dos povos, as ideias dos governos, as necessidades e dificuldades gerais, os males e os possíveis remédios, a que velada ou claramente me referi, saberão por certo orientar-se e hão-de fazer a sua ideia – ideia justa – dos esforços e cuidados da governação no período para vai ser eleita a nova Assembleia. Estaria talvez mais apropriado ao momento abstrair de todas as dificuldades e embalar os corações na esperança de glórias sem esforço ou de grandezas sem risco. Eu tenho, porém, habituado o povo português a enfrentar calma e resolutamente os problemas que afectam a sua vida colectiva, e não me tenho arrependido disso. Se há obstáculos, dificuldades, melhor: a considerá-los e vencê-los se caldeia e fortalece a alma dos indivíduos e dos povos; nem podem meter-nos receio tarefas que apesar de tudo são menores do que as levadas a cabo por nossos avós. E nós somos ainda a mesma Nação, a mesma raça, o mesmo povo. Pondo diante dos olhos as duas grandes preocupações dos tempos próximos – a preocupação da paz, a preocupação da vida – foi meu intento deixar do mesmo passo indicados os pólos para que há-de fatalmente tender a cada momento a nossa principal acção. E apenas temos de habituar-nos à ideia – que é já do passado e não voltará tão cedo a «doçura de viver»; pois, quanto ao mais, nenhuma dificuldade ou perigo é superior às nossas amizades, às possibilidades do nosso trabalho, à firme vontade de continuar a nossa vida e a nossa História. Mentiria à minha consciência e à realidade nacional, se não terminasse as minhas palavras por este acto de fé em nós próprios, fé consciente, fé vivida e felizmente partilhada pelos portugueses de hoje.
Florilégio de pensamentos- Algumas das Mais Belas Páginas de Salazar (24)
A inteligência dos homens esclarecidos e patriotas – Discursos, Vol. III, págs. 119 e 120 Edições Panorama - Lisboa 1961
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