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O valor parece mais que uma virtude militar: É o próprio atributo da força. Por definição, a força é valente, destemida, arrojada, dominadora, senhora de si, cônscia das suas possibilidades e da sua acção: não é desordenada, não é exaltada, não é violenta. Tem tempo para se impor – é paciente; não duvida de si – é calma; tem a segurança do triunfo – é generosa. A força marcha em forma e em cadência – é a sua necessidade estrutural de ordem no espaço e no tempo; a força marcha erecta – é a revelação externa da confiança; a força tem o passo rígido e firme – domina, é senhora da terra em que avança. A força não se nega a si própria - «morre mas não se rende», a força não descansa nem mesmo para morrer - «morre mas devagar». A força que é força e não violência é de si mesma leal, quer dizer, verdadeira, clara e sincera. Notai que a força marcha ao som dos clarins – anuncia a sua presença; a força faz rebrilhar ao Sol as suas armas – expõe à vista os seus meios de ataque; a força comanda em voz alta – sabem-se em volta as suas intenções. Na sua estrutura íntima a força não é um simples aglomerado de homens, é um organismo em que é indispensável união; colaboração; solidariedade; a lealdade na força, é necessária para a certeza de que cada órgão cumprirá em cada momento o seu dever. Por isso não pode haver nela intriga; desunião, desconfiança mútua; ciosa como é, a força tem de expulsar de si, como corpos mortos, os elementos que lhe não pertencem de alma, e cujo coração não pulsa ao ritmo do seu. A lealdade é a verdade do sentimento: é impossível ser desleal sem mentir à consciência, sem ludibriar a confiança alheia. Por essa razão a força não comporta conciliábulos nem combinações secretas: ela bate-se de frente, é desleal atacá-la pelas costas.
Florilégio de pensamentos- Algumas das Mais Belas Páginas de Salazar (14)
O valor parece mais que uma virtude militar – Discursos, Vol. I, págs. 106 e 107 Edições Panorama - Lisboa 1961
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