|
..:. TEXTOS
(Continuação)
primeiras eleições que lá fizeram, toda aquela boa gente votou de chapa numa lista de oposição ao Estado Novo!... Porque fossem contra o Estado Novo? De maneira nenhuma, visto que bastou fazerem-lhes justiça para que voltassem logo à primeira forma... Tenho recebido exposições simpáticas, de trabalhadores de grandes empresas e organismos corporativos, demonstrando que, quando chega a hora dos equilíbrios financeiros, só o cinto dos pequenos é apertado… Ora aqui está, se não se lhes fizer justiça, um caldo de cultura para todos os comícios... O comunismo, em Portugal, meus senhores, é um fenómeno de pequenos quadros, agindo habilmente sobre massas descontentes, conforme já demonstrámos; e vive, sobretudo, dos neutros abandonados pelos nossos erros e comodismos aos seus impulsos emocionais. Estamos firmemente convencidos de que os Portugueses jamais serão comunistas, mas sente-se a necessidade de cuidar politicamente, muito a sério, das classes economicamente débeis, não para as lisonjear ou iludir, mas para as convencer, com factos, da justiça social do Estado Novo e do humanismo deliberado do Regime. Temos de incorporar na estrutura político-social da Nação os débeis económicos que os meneurs, às vezes, por aí fazem representar de comunistas sem que eles saibam o que isso é nem jamais o possam ser; para isso, não basta, porém, realizar uma obra social magnífica, como vimos fazendo, em paz de consciência, nos gabinetes de trabalho. É preciso demonstrá-la politicamente, descendo fraternalmente até junto dos humildes, sem nojo nem favor, para que a entendam e a sintam, como coisa tão sua como nossa, por forma a não se deixarem embalar com as loas dos profetas revolucionários. Veio-nos às mãos, aqui há meses, um manifesto em que três padres do norte do País prestam pública homenagem ao espírito de sacrifício e dedicação dos comunistas à sua causa, lamentando que os católicos não revelem, no mesmo grau, as virtudes heróicas dos maiores inimigos que o Catolicismo tem sofrido em toda a sua história... É claro que os homenageados desses padres são, neste caso, autênticos comunistas, funcionários do partido, pois só esses exibem as virtudes heróicas que, pelos vistos, os referidos sacerdotes humildemente desejariam possuir... E eu pergunto se é de estranhar alguma coisa vermos, de vez em quando pobres trabalhadores, sem ilustração sem formação nenhuma, soçobrarem perante a dialética e as virtudes heróicas dos funcionários do partido quando clérigos de missa não só os louvam publicamente como vão ouvi-los aos comícios, depois de por eles se roçarem às mesas dos cafés? Não alijemos, porém, todas as responsabilidades. Algumas recaem sobre nós, homens do Estado Novo, e cumpre-nos enfrentá-las com lealdade e coragem, fazendo acto de contrição e dispondo-nos a corrigir-nos no que for de corrigir. Nós temos de viver a nossa doutrina, na teoria e na prática, com toda a fidelidade e convicção, exemplificando-a, em todos os nossos actos públicos e particulares. Incumbe-nos realizar o Estado Novo, de alto a baixo, estruturando a sua política desde o cume às mais pequenas aldeias, tendo em vista a perenidade da Nação e desprezando questiúnculas de grupos, de famílias, tertúlias e pessoas. Para isso temos de ser lógicos, consequentes, justos, humanos, caritativos, humildes entre os pequenos, dignos com os grandes, numa palavra: sérios nas intenções e nas acções. A tarefa é árdua, sem dúvida; mas está muito simplificada pela grandeza da obra realizada, o prestígio universal do nosso guia exemplar, a actualidade flagrante da filosofia
(Continua)
Documentos Históricos (54)
Passado, Presente e Futuro
Conferência realizada em Viseu, pelo escritor Costa Brochado, em 14 de Junho de 1960, perante as comissões políticas do distrito, sob a presidência do governador civil, Exmo. Sr. Dr. Marques Teixeira (7 de 8)
Consultar todos os textos »»
|