21 de novembro de 2024   
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(Continuação)

carácter representativo da nossa organização política e administrativa.
Nalguns círculos contrários a Portugal procura-se diminuir o valor de toda esta estrutura, alegando ser reduzida a representação autóctone nos órgãos acima citados. Para nós, essa linguagem não tem o mesmo significado que terá para os críticos, porque nunca nos orientamos por critérios raciais, cabendo na sociedade portuguesa a cada pessoa o lugar para que se encontra preparada sem discriminação de raça, de cor ou de credo religioso. Em resposta àquela argumentação, no entanto, eu posso acrescentar que, em resultado da extensão do ensino, tem aumentado progressivamente o número de autóctones nos quadros políticos e administrativos das Províncias, a ponto de, na Guiné Portuguesa, a média de representantes efectivos ser actualmente de 49,5 % e de representantes substitutos ser de 54,5 %. Em Angola e Moçambique estes números são mais reduzidos (sensivelmente 20 %), mas tudo indica que nos tempos mais próximos experimentem aumentos sensíveis. Para dar novo impulso à criação de “élites” em todos os territórios, estamos fazendo enorme esforço na formação de professores e construção de escolas de ensino primário, médio e profissional; e a partir de Setembro próximo começarão a funcionar as Universidades de Angola e Moçambique.
Não quereria terminar esta enumeração sem referir a Vossa Majestade que, ao mesmo tempo que promulgamos estas reformas, temos produzido enorme esforço no sentido de assegurar o bem-estar económico e social das populações, bem como para dotarmos os Serviços de Saúde dos quadros e do equipamento material necessários. Nestas matérias, solicitámos estudos independentes da Organização Internacional do Trabalho e da Organização Mundial da Saúde, cujas conclusões são para nós causa de legítimo orgulho, se bem que não sejam isentas de propostas de melhoria que estamos pondo em prática. Dentro de semanas também se deslocará a Angola e a Moçambique uma missão da Organização de Alimentação e Agricultura que fará no sector que lhe compete estudo semelhante.
O dever de não sobrecarregar Vossa Majestade Imperial com mais alongada leitura impede-me de continuar; mas confio em que as informações precedentes servirão para corrigir a ideia de que a política ultramarina portuguesa não acompanha devidamente as necessidades dos povos.
Alude Vossa Majestade, por fim, às resoluções adoptadas na recente Conferência de Adis-Abeba a respeito da atitude comum a seguir pelos Estados ali representados em relação a Portugal. A nós não se afigura provável que tais resoluções venham a ser aplicadas unanimemente, nem mesmo pelo que respeita à cessação das representações diplomáticas, porque a isso se opõem interesses vitais decorrentes de relações de vizinhança que alguns Estados não quererão prejudicar. Se assim não acontecer, porém, pode Vossa Majestade crer que nos não regozijamos, pois, embora com tal política não venhamos a ser os mais prejudicados, tem sido nosso inquebrantável desejo manter as melhores relações com todos os povos, em África como noutros continentes, porque acreditamos nos benefícios da cooperação internacional e entendemos ser nosso dever tirar todos os resultados úteis da interdependência das nações. Julgamos por isso que essas decisões introduzirão

(Continua)

POLÍTICA ULTRAMARINA (22)

Relações diplomáticas entre Portugal e a Etiópia

Cartas trocadas entre o Imperador Hailé Selassié e o Presidente do Conselho de Portugal, Dr. Oliveira Salazar.
Carta de sua excelência o Presidente do Conselho ao imperador Hailé Selassié I, de 29 de junho de 1963 (V de VI)

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