21 de novembro de 2024   
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(Continuação)

E enquanto estrugem os mais entusiásticos aplausos, o general volta costas aos oficiais e vai almoçar.
O decreto com a nomeação do novo Governo, publicado neste dia em suplemento ao Diário do Governo, já traz o nome do dr. Manuel Rodrigues, para Ministro da Justiça em substituição do do dr. Almeida Ribeiro, primitivamente escolhido.
No dia 4, numa reunião realizada na Amadora, efectua-se uma conferência entre Gomes da Costa, o general Bernardo de Faria, comandante da Iª Divisão, tenente-coronel Matias de Castro, chefe do Estado-Maior, majores Passos e Bento França e major Rodrigues, 2.° Comandante da Polícia, a fim de tratar da organização da grande parada Militar para a entrada de Gomes da Costa em Lisboa.
Fica assente que o general entrará a cavalo à frente das suas tropas, acompanhado pelo seu Estado-Maior, indo depois reunir-se aos restantes membros do Governo, instalados na Tribuna, na Avenida da República, de onde assistirão ao desfile de 12.000 homens.
Cerca das 14 horas chegou à Amadora, vindo de Évora em automóvel, o general Carmona.
Gomes da Costa recebe-o. Mal Carmona se apeia abraçam-se. Este diz então ao Chefe da Revolução.
— Felicito-o pelo triunfo do Exército!
Gomes da Costa responde:
— Eu é que me devo felicitar pela sua colaboração neste movimento de salvação nacional!
Carmona numa entrevista declara que a sua aceitação do cargo de Ministro dos Estrangeiros e membro da Junta Governativa depende duma condição: substituírem-no logo se arranje pessoa mais competente. Ë militar e não quer ser outra coisa. Se aceita o cargo é ainda como militar disciplinado que o faz, obedecendo aos Chefes do Movimento e ao Interesse Nacional, O que mais profundamente deseja é ficar comandando a 4ª Divisão Militar.
No rápido de Madrid chegam ao Rossio os profs. dr. Oliveira Salazar, Manuel Rodrigues Júnior e Mendes dos Remédios. Seguem para a Amadora onde vão conferenciar com o triunvirato.
Ao chegar, o Doutor Oliveira Salazar declara a um jornalista:
«— Só com muito sacrifício venho a Lisboa (I). Vou dizer isto mesmo ao Chefe do Governo.»
«— Mas...»
«— Bem vê. Entrar para o Governo e ter de abandoná-lo por impossibilidade física, não está bem. A minha saída ao fim de algum tempo de assistência à obra nacional de renovação poderia ser mal interpretada.
Durante a reunião na Amadora o Doutor Salazar declina o convite que lhe fora feito para sobraçar a pasta das Finanças; alega o seu precário estado de saúde e a opinião do seu médico assistente, Doutor Bissaia Barreto. O general Gomas da Costa insiste repetidamente com o Doutor Salazar, sem conseguir, porém, demovê-lo da sua recusa. E o comandante Cabeçadas, apesar de ter sido, segundo nos declarou, ele, quem convidou o Doutor Salazar (II), comenta:
— «Não há o direito de insistir com ele. Está, de facto, doente.»
O comandante Jaime Afreixo também não quer aceitar a pasta da Marinha por discordar da inclusão no Governo do eng. Ezequiel de Campos.

I)Além do mais o Doutor Salazar deixara bastante doente na sua casa do Vimieiro sua mãe.
A propósito conta Luís Teixeira no seu Perfil de Salazar:
«Naquele domingo de Junho do ano de 1926, dias depois da Revolução ainda Gomes da Costa não embainhara a espada, que recolheria sem mancha de sangue português, um automóvel cheio de oficiais, vindo de Coimbra chega ao Vimieiro, Salazar recebe os delegados da Revolução em sua casa. Alguns momentos depois sai e dirige-se à moradia de seus pais. Na casa de entrada está toda a família rodeando D. Maria do Resgate, doente, inclinada numa cadeira de repouso.
— Mãe, sabe? Querem que eu vá pera Lisboa, para ministro das Finanças. Mas custa-me tanto deixá-la assim. Não sei o que faça.
D. Maria do Resgate olhou o filho com carinho. Fez-se em volta um silêncio de emoção.
Depois, com decisão com energia a mãe respondeu:
— Aceita. Não te preocupes comigo. Se cá vieram é porque precisam de ti. Tens que aceitar.
Vai meu filho...
II)Na entrevista que nos concedeu e está publicada em «Os que arrancaram em 28 de Maio».
Quando fui para a entrevista com Gomes da Costa, (em Coimbra), esperava-me na estação o major de Artilharia Pedro de Almeida

(Continua)

Documentos Históricos (40)

A arrancada de 28 de Maio de 1926, por Óscar Paxeco – 1956.
Elementos para a história da sua preparação e eclosão.

A opinião de Sinel de Cordes (II de III)

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
«Salazar - O Obreiro da Pátria» - Marca Nacional (registada) nº 484579
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