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(Continuação)
Também, no dia 3 de Junho o Diário de Notícias publica uma entrevista com Sinel de Cordes, em que este diz não ter comunicado com os chefes da Revolução, limitando-se a sua acção a aproveitar as informações colhidas para desfazer equívocos e elucidar situações de forma que o Movimento tivesse o êxito que se desejaria e fossem completamente satisfeitos os seus intuitos. A uma pergunta sobre se sabia dos preparativos revolucionários, o general Sinel de Cordes responde: «Tinha conhecimento da marcha do Movimento, embora desde meados do mês passado deixasse de nele ter interferência, apesar de concordar com a sua necessidade.» O general declara ainda que quando entrou para o Movimento tomou o compromisso, como todos os oficiais, de que as instituições republicanas seriam mantidas através de tudo. — Anda portanto de má-fé quem pretenda que o Movimento de 28 de Maio foi um movimento monárquico disfarçado. Às 2 e 30 da manhã do dia 4 chega a Sacavém o primeiro comboio especial vindo do Entroncamento com tropas. É então expedido para todas as unidades do País o seguinte rádio: «Entendemos grande conveniência em que as forças do Exército de todos os pontos do País viessem à capital encontrar-se com as da guarnição de Lisboa, com as da Guarda Republicana e com as forças da Armada como é seu desejo, a fim de mutuamente se verem e felicitarem pela obra que conseguiram realizar e para mostrarem claramente a todos os portugueses, com essa sua íntima harmonia, que não permitirão que o País volte a ser vítima dos ruins políticos que o exploravam.
aa) Gomes da Costa José Mendes Cabeçadas»
Na Amadora é então grande o movimento de tropas. Mais de 3.200 homens estão bivacados no campo da aviação sob o comando do coronel Cabeçadas, tio do comandante.
Pelas 13 horas chega ali o general Gomes da Costa que é recebido apoteoticamente e perante quem se realiza um desfile de tropas. Pouco depois, um grupo de oficiais políticos, comandantes das unidades de Lisboa, vão apresentar-lhe cumprimentos e afirmar a sua decisão de disciplinadamente servirem a nova situação como serviram sempre em disciplina todas as autoridades constituídas. São os coronel Aguiar, de Infantaria I; tenente-coronel Achman, do Grupo da Administração Militar; tenente-coronel Malheiro, do Grupo a Cavalo; tenente-coronel Barão de Cadóro, de Cavalaria 2, major Crespo, de Infantaria 2, major Melo, de Infantaria 16; major Valdez, de Artilharia 3, major Mascarenhas Inglês, de Telegrafistas de Campanha; coronel Beltrão, dos Serviços de Automóveis Militares; tenente-coronel Pessa, director do Hospital Militar; e major Garcia, director do Hospital de Belém. Por ordem de Gomes da Costa, que recebe de sobrecenho carregado os visitantes, fala em nome de todos o mais antigo, o coronel Aguiar. Na resposta, o general manifesta a má vontade de que está possuído com os oficiais da guarnição de Lisboa, cuja adesão tão tardiamente surgiu e declara a terminar:
«Tenciono tirar a todos os oficiais do Exército os direitos políticos. Tenciono acabar com a política no Exército. Quem for político não deve vestir a farda de oficial.
(Continua)
Documentos Históricos (39)
A arrancada de 28 de Maio de 1926, por Óscar Paxeco – 1956. Elementos para a história da sua preparação e eclosão.
A opinião de Sinel de Cordes (I de III)
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