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(Continuação)
— As tropas do Sul? — Devem chegar hoje a Vendas Novas — se é que ainda lá não estão. — Quem as comanda? — O general Fragoso Carmona. — A marcha sobre Lisboa quando se efectua? — Logo que a concentração esteja efectivada, O tenente-coronel Raul Esteves a auxiliar-nos... Amanhã ou depois, sábado o mais tardar, Lisboa terá à sua roda em cerco 15 a 20.000 homens — homens de todas as regiões de Portugal. — Depois? — A entrada em Lisboa, a Província limpa e trabalhadora, punindo os políticos e castigando os ladrões dos dinheiros públicos!
Pelas 14 horas do dia 2 chega de avião à Amadora o tenente Pereira de Carvalho que é portador das condições impostas pelo Chefe da Revolução a Cabeçadas, como única solução para qualquer possível entendimento entre ambos. Uma das condições impostas por Gomes da Costa é a exclusão de Ochôa do Governo, graças a uma local publicada pelo jornal monárquico «Correio da Manhã» denunciando aquele oficial da Armada como Agente dos Transportes Marítimos do Estado, no Porto. Mercê da local o comandante Armando Ochôa pede a demissão. Pereira de Carvalho regressa ao Entroncamento com uma carta de Cabeçadas pedindo nova entrevista com Gomes da Costa que este marca para a madrugada seguinte em Sacavém. O general Carmona que em Vendas Novas está à frente de Infantaria II e 17, Cavalaria I, 3, 5 e 10, Artilharia I, Companhia de Metralhadoras e Escola Prática de Vendas Novas, declara só obedecer a Gomes da Costa. No dia 3 realiza-se em Sacavém a reunião a que assistem o coronel Schiappa de Azevedo, tenente-coronel Passos e Sousa e tenente Pereira de Carvalho.
Aqui se constitui o primeiro Ministério, assim formado:
Presidência e Interior, comandante Cabeçadas; Guerra e Colónias, general Gomes da Costa; Negócios Estrangeiros, general Carmona; Marinha, comandante Jaime Afreixo; Finanças, Dr. Oliveira Salazar; Justiça, Dr. Almeida Ribeiro; Instrução, Dr. Mendes dos Remédios; Agricultura e Interino do Comércio, Ezequiel de Campos. À imprensa é então fornecida a seguinte nota oficiosa desta reunião de que Pinto Correia lavrara a acta:
«Entre o general Comes da Costa e o comandante Cabeçadas acaba de se realizar uma última conferência em Sacavém que decorreu no melhor entendimento. Ficou assente a seguinte solução:
«Junta Governativa composta pelo comandante Cabeçadas com a Presidência e Interior; Guerra e Colónias, general Gomes da Costa; Estrangeiros, general Carmona. «As restantes pastas foram preenchidas da seguinte forma: Instrução, Mendes dos Remédios; Justiça, Almeida Ribeiro; Marinha, comandante Jaime Afreixo; Finanças, Oliveira Salazar; Agricultura e Interino do Comércio, Ezequiel de Campos.
(Continua)
Documentos Históricos (38)
A arrancada de 28 de Maio de 1926, por Óscar Paxeco – 1956. Elementos para a história da sua preparação e eclosão.
A denúncia do acordo de Coimbra Cabeçadas nas mãos dos políticos (III de III)
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