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Em Abril de 1908, surgiu em A Folha um artigo assinado por Salazar, «Vergonhoso Contraste», no qual criticava a indiferença dos católicos perante a gravidade do momento em relação à Igreja e à Nação, sucedendo-lhe outros artigos em defesa da Igreja, «Jesus, Ressurrexit», «Mês de Maria» (a 3 de Maio). A 14 de Maio, «A Uma Rosa», artigo este em forma de poesia em que enaltecia o culto pelas flores e o amor pela imagem da Mãe. A 4 de Junho «Conversando», no qual apelava à fé dos estudantes. Por último assinava «A Mãe de Jesus» em 20 de Agosto, o qual constituía um hino de louvor à Virgem.
«A Uma Rosa»
Rosa tão linda, pálida e triste, Rosa dos encantos, cheiras tão bem! Vejo que sofres; dize, que sentes? Tens saudades de tua mãe?
Pois ainda ontem tu vicejavas, Ao pé das rosas, tuas irmãs, Com quem vivias, embalsamando A branda aragem destas manhãs!...
Mas eu cortei-te; rosa, perdoa! Gostei de ti, mas ah! Fui cruel! Tens saudades, não tens? Da abelha Que ia, zumbindo, buscar o mel?
Tu já choravas lágrimas santas, Que a aurora punha no cálix teu, E eras alegre! Vê: quanto eu choro, Sou triste e é sem fim o sofrer meu!
Fechas as folhas na dor imensa Que te assoberba; causas-me dó! Pois, coitadinha, lá na roseira Tinhas amigas, não ́stavas só!
Rias com elas à luz do sol; Brincáveis todas co ́ a brisa pura Que a madrugada manda a acordar-vos, Depois do sono da noite escura... Tu namoravas uma avezinha Que p ́ra o teu ramo vinha cantar; Tinhas um ́spelho nas claras águas, Em que te estavas sempre a mirar!
Agora, pobre! Vais definhando. O lindo vaso não te seduz? Rosa tão branca, rosa de encantos, O que te falta? Tens ar e luz...
Ah! Mas o prado tão verde e o canto, O canto triste do rouxinol? E a brisa fresca que se levanta, E vai beijar-vos, ao pôr do sol?
Tudo isso falta; mas que era isso, Ao pé da falta do maior bem?... Rosa, confessa, ́stás triste e morres, Com saudades de tua mãe!...
Revisitar o PERFIL de SALAZAR na Mocidade (02)
«A Uma Rosa», artigo em forma de poesia em que Salazar enaltece o culto pelas flores e o amor pela imagem da Mãe. Abril 1908. Consultar todos os textos »»
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