7 de dezembro de 2024   
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Meus Senhores

Tenho ouvido e lido nos últimos dias, a propósito do vigésimo aniversário da entrada do Dr. Salazar para o Governo, a afirmação de que vinte anos são bem pouco na vida dos povos, mas que são muito na vida de um Homem. Eu não quero fazer filosofia política nem filosofia da história, mas certos hábitos de reflexão obrigam-me a pensar naquela afirmativa e a rever o conceito que nela está implícito.
Sim, a vida dos povos, a vida historicamente fecunda, é evidente que transcende quase sempre aquele apertado limite de duas décadas, mas pode ser também que esse mesmo limite temporal seja o bastante para que no plano nacional transpareça e se afirme um pensamento robusto amadurecido em longos e sérios estudos, e que as concepções fundamentais de um homem de governo se vasem na prática em síntese harmoniosa e decidida.
Sim, na vida dos povos é rápido o lapso de vinte anos, mas quando se considera que a acção do Homem está intimamente ligada às forças poderosas do passado, e que delas extraiu — à luz candente dos nossos dias — toda a força, toda a solidez e toda a lição dos dias pretéritos que dolorosamente ou gloriosamente se escoaram, havemos de convir que a sua posição política e moral é como que um verdadeiro magistério e não uma síntese talhada no ar e na fantasia, enfim poesia histórica que passe levemente com os anos. Havemos de convir ainda, que esse magistério político e moral não é o resultado do isolamento da alma, mas a explendente afirmação de um equilíbrio sádio assegurado pela experiência comum.
É este equilíbrio, sustentado por análises profundas e sólidas, e no qual se afirma a presença viva do espírito cristão mantenedor da civilização do Ocidente, que falta à maior parte dos governantes dos nossos dias e constitui a grande infelicidade e a maior angústia da generalidade das nações da Europa.
É historicamente verdadeiro que o edifício europeu construído sobre os nobres fundamentos da antiguidade clássica, foi educado pela Igreja católica, que por ela subsiste, que está em harmonia com ela e só pode viver no seu quadro. E que o ambiente espiritual naquilo que tem de independente das circunstâncias externas, produz reacções diversas na vida histórica cujos movimentos têm começo e fim na sujeição dessas circunstâncias às forças internas da alma.
A actuação violenta, pela revolução e pela guerra, pode representar uma aceleração do ritmo de progresso dos povos, mas a violência das paixões fazendo triunfar interesses materiais ou secundários pode trazer consigo a morte dos valores sociais da cultura. A guerra pode corresponder a um instinto de legítima defesa, mas o constante apelo aos recursos e aos meios bélicos — ainda mesmo para os povos que possuem um alto valor moral — constitui uma tremenda mácula de civilização. Ai de nós e daqueles, que na ordem e na paz buscamos cumprir ardorosamente a lei da nossa vida histórica! Não nos faltam também as angústias e as penas nestes amargurados dias presentes, mas ao menos sabemos que a palavra verdadeira foi novamente dita aqui nesta pequena parcela do ocidente europeu. E essa palavra de estímulo derrama-se já salutarmente através do mundo como um princípio e fermento de unidade moral e política.
Eu não estou aqui a fazer adivinhações, e também não me importa o «ladrar das três gargantas do cão infernal».
O que profundamente creio e tenho por certo, é que a visão luminosamente clara de Salazar evitou-nos males sem remédio, sobretudo evitar-nos-á talvez alguns erros e algumas esperanças pueris; e há-de convencer-nos de que a vida europeia e internacional é essencialmente uma obra de libertação da alma das potências demoníacas e um esforço de serena continuidade. Basta estudar os factos decisivamente

(Continua)

SALAZAR - testemunhos... (19)

Discurso proferido por , Manuel Lopes de Almeida, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra , por altura do XX aniversário da entrada do Prof. Salazar no governo. Abril 1948.

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Música de fundo: "PILGRIM'S CHORUS", from "TANNHÄUSER OPERA", Author RICHARD WAGNER
«Salazar - O Obreiro da Pátria» - Marca Nacional (registada) nº 484579
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