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(Continuação)
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É na intangibilidade do dever, que só a consciência lhe ditava, que tem de olhar-se a sua vida e acção. A trave mestra de servir Portugal à luz de altos ideais é que suporta, sempre, a vida do educador na Universidade; do doutrinador em escritos e discursos; do político no Governo. A unidade dessas sucessivas missões da sua vida operosa surge-nos na oração académica de agradecimento do grau de Doutor em Direito Civil que a Universidade de Oxford lhe concedera e cujas insígnias, em homenagem excepcional, lhe vieram ser entregues em Coimbra: «Nesta velha e gloriosíssima Universidade de Coimbra muitos outros homens mereceriam mais do que eu, pelo seu talento e longa vida dedicada à ciência e ao ensino, as mais altas dignidades. Reconheço em todo o caso – e não pode haver nisto vaidade – que a poucos terão permitido as circunstâncias aproveitar praticamente, e creio que em benefício geral, conhecimentos e formação que a Escola deu e a vida não pôde desmentir». Quando o chamamento à vida política batera à porta daquele homem tão interessado no pensamento que a inspira e determina, mas tão longe do seu exercício activo, dramática contradição começara para ele. Na vigília que dizem ter sido a noite que precedeu a aceitação, impôs-se ao homem de fé o dever de consciência de fazer, pelo seu país, o sacrifício de tudo. E com força de ânimo inspirada de muito alto, viria para fazer, a bem de Portugal, tudo quanto «inteligentemente fosse possível».
(Continua)
SALAZAR - testemunhos... (06)
SERVIR – Capítulo II do livro do Dr. José Paulo Rodrigues (subsecretário de Estado da Presidência do Conselho de 1962 a 1968), "Salazar – Memórias para um Perfil" – 2ª edição, pág. 22 e 23 Consultar todos os textos »»
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