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A MAIS BELA RESPOSTA
O Sr. General Carmona ganha, novamente, aquele perfil de medalha que lhe é próprio mas que a sua bonomia nem sempre deixa ver e foge à resposta com esta resposta lapidar: — Só lhe posso afirmar que farei nesse momento, como sempre, o que o meu patriotismo me indicar. De audácia em audácia, vou para além dos acontecimentos que ainda não se deram: Se tal acontecer, se o seu patriotismo lhe disser, como esperamos todos, que deve ser reeleito, a sua orientação será a mesma da que tem seguido até aqui? E o Sr. General Carmona, com lógica irrespondível: — Se tal acontecer é porque todos estariam contentes com a orientação seguida... Por que motivo, portanto, haveria de mudá-la? Nunca procurei os postos que tenho ocupado. Eles foram-me sempre indicados, apontados, como o cumprimento dum dever. Se tenho falhado, e vier ainda a falhar, por não convir a minha orientação, a responsabilidade pertencerá a quem viu em mim certas e determinadas qualidades para exercer esses postos. O que nunca me desviarei é da linha já traçada. Quando não estiverem satisfeitos, quando não estiverem de acordo comigo, terei muito prazer em ir para casa e desaparecer obscuramente, sem deixar vestígios, como aqueles romanos que morriam completamente, até para a morte, em sepulturas sem legenda, com um simples peixe gravado na pedra em vez do seu nome. Protesto: — Hipótese inadmissível!... O nome do Sr. General Carmona pertence à História e à História viva... E o Sr. Presidente, completando com elevação o seu pensamento: — Sou militar e nasci para servir. Quando não servir… Ganho coragem e pergunto ainda:
Documentos Políticos (12)
António Ferro no decorrer da entrevista, com o Presidente Carmona, 1934. Edição SPN Lisboa, pág. 21 a 22 Consultar todos os textos »»
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