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A PRIMEIRA MENSAGEM
Abordo, agora, um problema delicado mas onde é preciso que chegue toda a luz, a luz do Sol a pino, que não permite sombras: — Daqui a dez meses termina o actual período presidencial. Sei que se pensa em promover um movimento para pedir ao Sr. General Carmona que deixe pôr novamente, a sua candidatura. Qual o português que não está de acordo com esse movimento? É preciso até que a ideia não parta destes ou daqueles, mas de toda a Nação. O desejo de que o Sr. General Carmona continue na Presidência da República não pode ser privilégio dum grupo. Seria diminuir esse desejo, essa manifestação, seria fazer supor que alguém não estaria de acordo em pedir ao Sr. Presidente mais esse sacrifício. Todos os portugueses se colocam atrás do Dr. Salazar nessa aspiração que ele formulou, antes de mais ninguém, no livro de que sou autor e que foi agora traduzido em francês. Permito-me reler essa passagem que diz tudo e que foi a primeira mensagem enviada a V. Ex.a para consentir em ser reeleito sucessivamente para o alto cargo que tem exercido com tanta nobreza. E pegando no livro que ofereci ao Sr. General Carmona, tomo a liberdade de traduzir e de lhe ler a seguinte página:
— Não se pensa em eleger um novo Chefe de Estado? — Para quê? — responde Salazar com vivacidade. Julgo difícil ou impossível encontrar, neste momento, alguém que reúna tantas qualidades como reúne o Sr. General Carmona para o exercício desse cargo: inteligência, ponderação, delicadeza, elegância moral, correcção e bondade que não excluem a energia necessária, uma energia sóbria e discreta. Ele consolidou o princípio da autoridade suprema dando à acção da Ditadura a continuidade necessária. O País deve estar-lhe reconhecido pelo seu esforço, pela nobreza, subtileza e patriotismo com que se tem desempenhado das suas funções e com que tem resolvido todas as crises da situação. Devemo-nos sentir felizes pelo seu raro sacrifício e por ter consentido em renovar o seu mandato...
E acrescento, depois de fechar o livro e de o restituir ao Sr. Presidente: — Que responderá o Sr. General Carmona, na hora própria, ao desejo claro, expresso, do chefe do Governo e de todos os portugueses que estão de acordo com ele?
Documentos Políticos (11)
António Ferro no decorrer da entrevista, com o Presidente Carmona, 1934. Edição SPN Lisboa, pág. 19 a 21 Consultar todos os textos »»
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