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(Continuação)
cido, subsiste todavia, como resíduo atávico no fundo intelectual de muita gente que pensa em política. Visivelmente esta minha maneira de pensar condena todas as tentativas de opressão feitas sobre a consciência alheia, seja em nome de uma doutrina política ou religiosa. Resistamos heroicamente a tudo quanto pretenda fazer no espírito cívico do povo português mutilações de personalidades. Outra opinião, a do sr. Ramada Curto, dita no julgamento do «Angola e Metrópole»: Apesar de me encontrar num campo político e doutrinário completamente oposto ao sr. dr. Oliveira Salazar, eu afirmo daqui a minha admiração pelo talento e pelas altas qualidades do actual ministro das Finanças. Digo-o porque o sinto. Pois eu, se o pudesse fazer, aconselharia o sr. dr. Oliveira Salazar a fazer o inquérito ao banco e às suas contas por uma comissão não apenas de técnicos mas de juízes. E, finalmente, a de Homem Cristo sintetizada nestas palavras que ele escreveu depois de ter atirado com a clava sobre uns imbecis que lhe morderam por ele defender Salazar. Diz ele no n.°154 do seu jornal de 18 de Maio de 1931: Ora a obra do sr. dr. Oliveira Salazar pode ser discutível. Mas é boa. «E’ inteligente, é sincera, é honesta; é útil ao país.» Mas que valem as opiniões dos estrangeiros, dos parvos estrangeiros que compram por bom dinheiro papéis portugueses? Que vale a opinião de Costa Ferreira ou de Homem Cristo? Que vale a opinião de pessoas que não vivem nem pretendem viver à custa da política? Que valem as opiniões dos peritos financeiros que escrevem nos jornais lá de fora? Que vale o trecho da entrevista que segue, concedida por Titulesco, ministro da Roménia, ao Século? — Ei-lo: Tenho o mais vivo desejo de conhecer, pessoalmente, o sr. dr. O. S. com quem espera encontrar-me, ainda hoje, se a sua saúde o permitir. Admito-o profundamente, e tive o orgulho, ao ler os seus relatórios de ver confirmada na sua obra alguns dos princípios da ordem prática que me orientaram a mim, no Ministério das Finanças do meu país. «Plus cela change, plus c’est la même chose.» Que vale este depoimento para a canalha? Não vale nada. Que vale vermos Snowden na Inglaterra fazer o que Salazar aqui faz — cortar — mas lá «sobre o joelho», do que redundou a semigreve da Esquadra Britânica? Que importa nós vermos na Itália cortar nos vencimentos e carregar nos impostos? Que importa por todo esse mundo fora nós vermos, afinal, seguir à valentona o sistema de cá, — pôr uma ditadura e um ditador nas Finanças? Que importa tudo isso? Não diz o Cunha Leal e a Perpétua que nós nunca estivemos tão mal? Calcule V. Exª sr. Dr. O. Salazar, que as vozes de burro chegavam ao céu da sua religião: Lá estava V.Exª desgraçado... sem o S. Pedro lhe abrir a porta. E ocorreu-me agora mostrar como os processos que usa a canalha política, — a que se julga dona dos países por ter montado a máquina eleitoral que mentirosamente lhe dá os votos — são iguais de ocidente a oriente. Vimos como a escola da engenheira Perpétua pretende provar que, por virtude da crise mundial, e visto a balança portuguesa ser deficitária, nós devíamos estar podres de ricos e sem apreensões... Ora muito bem. No Temps de 29 de Maio de 1931 o correspondente de Varsóvia relata que apesar dos grandes, formidáveis serviços prestados pelo marechal Pilsudsky ao seu país, os seus adversários políticos se servem de todas as falsidades para o atacar. Ora um dos meios de ataque é... o que a Escola Perpétua, mutatis-mutandis, usa para o marechal de cá: — Salazar.
EM DEFESA DO REGIME (11)
Da Pulhice do «Homo Sapiens» de Humberto Delgado. 1933, pág. 228 a 230. Salazar, a Perpétua e o Cunha Leal. — Opiniões de Homens sobre Salazar. — Os orçamentos. — Para que servia afinal o Parlamento? Consultar todos os textos »»
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