|
..:. TEXTOS
Não há dúvida de que o português, transplantado, brilha entre os primeiros nas Academias e Universidades estrangeiras; vemo-lo triunfar, até sem grandes letras, inteligente e ousado, pelo Rio, por Paris ou Nova Iorque, no comércio e na indústria do grande mundo. Mesmo nas nossas colónias, desconhecido e por vezes desajudado, faz maravilhas que só podem honrar-nos. Sendo assim, nós não podemos atribuir à falta de qualidades de inteligência ou de sangue a vulgaridade corrente: temos de buscar a não floração das qualidades naturais na falta de estímulo do acanhado ambiente local. O fenómeno é tanto mais curioso quanto flagrantemente contrasta com a nossa ancestral mania de grandezas na vida privada e com a realidade histórica que nos faz senhores de vasto Império. Creio, por isso, que a não integração efectiva da ideia imperial no conceito corrente da Nação portuguesa encurtou a este País os horizontes a que devera habituar-se e em que deve aspirar a viver. De modo que, não sendo prudente abandonar a si mesmo o problema da estabilidade política, que neste plano é solidária da estabilidade nacional, sou levado a duas forçosas conclusões – a reforma da educação no sentido positivo, a elevação do meio, tanto na parte material das exigências de vida, como na parte moral de ideias, aspirações, tarefas colectivas.
O Problema da Educação (28)
(«Duas palavras a servir de prefácio» — «Discursos», Vol. III, págs. XI-XII) - 1943 Consultar todos os textos »»
|