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Alguns ufanam-se de sistemas políticos feitos e completos, que basta aplicar ao corpo social, são ou doente, em todas as circunstâncias de trabalho, de formação ou de cultura, em todas as raças ou latitudes. E estes, obcecados por suas doutrinas ou sonhos de gabinete, não têm de saber como são os homens ou como vivem as nações: desprendidos da vida real pelo apriorístico das suas teorias e do passado pela ambição de construir um futuro que não é dele a continuação, também não precisam de ter memória. Mas nós não estamos aí. Com poderosas amarras a alguns princípios fundamentais que a razão esclarecida e a experiência dos séculos consagraram no exercício do Poder; servidos por aquelas luzes superiores que iluminam os fundamentos da vida social e os seus fins; vinculados à tradição e à história da Pátria portuguesa, com seu património, seus interesses materiais ou morais, sua índole e vocação no mundo, há dez, há doze anos se trabalha em tudo que não são bases ou objectivos indiscutíveis, a adaptar, a ensaiar, a experimentar cautelosamente, direi vagarosamente, processos e soluções. Obra de reintegração e de reeducação, obra em que muito há a salvar do que se perdia e muito a construir e a inovar, é forçoso a cada passo cotejar os princípios e a aplicação, as instituições e os resultados, os sacrifícios e as vantagens, as reacções individuais ou colectivas perante as reformas que violentam os hábitos e os egoísmos; é preciso lembrar-se do que era e de como deixou de ser, do que se desejava e do que realmente foi, para se estar habilitado a manter ou a modificar, a prosseguir ou a abandonar com lealdade o caminho errado.
O Problema da Educação (23)
(«Realizaçães de política interna — Problemas de política externa» - Exposição à Assembleia Nacional, em 28 de Abril — «Discursos», Vol. III, págs. 64-65) - 1938
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