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Desejamos tão amigáveis e cordiais relações com a Espanha, que desapareçam desse lado todas as desconfianças e preocupações. Não só no campo económico se podem desenvolver muito as relações entre Portugal e a Espanha, mas ainda no campo político parece não ter hoje aquela nação nenhum interesse contrário aos interesses portugueses, dado que a nossa plena independência, para a realização dos nossos destinos no Mundo, tem de ser axioma fundamental da política espanhola. Nesta base temos o campo aberto para entendimentos mútuos. Nasceu ainda do mesmo carácter de potência atlântica a aliança inglesa, que interesses comuns têm mantido através dos séculos sem sofrer as vicissitudes das ligações deste género. Aos que me perguntam se acredito na Inglaterra e na aliança inglesa respondo francamente e sinceramente que sim: em primeiro lugar porque acredito na palavra dos homens e dos povos, quando não tenho factos que me levem a considerá-la mentirosa; em segundo lugar porque, mesmo sem falar nos estreitos laços de amizade, a comunidade de interesses portugueses e britânicos é de tal modo evidente que de cá e de lá se há-de impor por muito tempo aos homens de governo. Quando estivermos bem compenetrados de que a aliança com a Inglaterra não é nem uma tutela nem uma fiança da nossa acção política interna ou externa, não recearemos as atitudes equívocas ou subservientes nem a diminuição da nossa acção internacional, antes havemos de trabalhar por valorizar ao máximo aquele apreciável instrumento político: visto que temos de dar, havemos de saber exigir.
Relações Internacionais: O Comunismo, Aliança Inglesa, Amizade Peninsular, Pacto do Atlântico (03)
(«O momento político» — Nota oficiosa publicada em 20 de Setembro — «Discursos», Vol. II, págs. 80-81) – 1935 Consultar todos os textos »»
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