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Nós entendemos que não se deveria perder de vista a diferença entre o terreno jurídico e político e o terreno sociológico, pois uma coisa é o que é e outra o que se manda ser ou quer que seja. A sociedade internacional tem procurado resolver as suas dificuldades (como aliás muitos Estados na sua actividade interna) por meio de fórmulas abstractas, declarações de princípios, afirmações solenes, muitos textos e tratados, e de tudo ou quase tudo se tem visto a inutilidade, quando não mesmo o grave inconveniente. Pelo menos todos estão habilitados a crer que as coisas não se teriam passado diferentemente ou pior se se não houvesse legislado tanto. Ainda que muita responsabilidade pareça caber ao feitio abstracto e generalizador dos juristas, as causas do insucesso encontrar-se-ão a nosso ver nos seguintes factos: a) no inexistente ou insuficiente estudo das causas do mal-estar mundial; b) na ambição desmedida de se encontrar uma fórmula única de solução dos graves problemas internacionais, aplicável urbi et orbi e abraçando um conjunto que é manifestamente superior à inteligência dos homens e à sua capacidade de execução. Determinadas as causas e circunscrito o âmbito das questões, tomados em mão os problemas um a um ou os grupos de problemas afins, cremos seria mais fácil definir a atitude ou comportamento de cada nação e as grandes potências com mais peso de autoridade, de riqueza e de força no convívio internacional veriam certamente mais eficaz o seu concurso.
O Problema Político Externo - Criação de uma Política Externa Portuguesa (09)
(«Pela Paz» — Resposta do Governo português ao Memorando Hull, em 20 de Agosto — «Discursos», Vol. II, págs. 326-327) - 1937 Consultar todos os textos »»
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