|
..:. TEXTOS
Estou convencido de que no Mundo ninguém quer a guerra e, mais sinceramente que todos, os homens que, por dirigirem grandes povos, se sentem responsáveis pela manutenção da paz. Mas às guerras acontece como na ordem interna a muitas revoluções: ninguém as faz, rebentam. De preferência a tudo mais — conferências e convenções — importa por isso destruir o estado de espírito que pode fazê-las surgir. Se é permitido aplicar, em política externa, princípios reguladores da política interna, diremos que, à parte a necessária organização de força, sem justiça e sem confiança recíproca será finalmente baldado tudo o que se anda tentando. Ora as circunstâncias ou os homens — eu não acuso ninguém — têm operado de modo que por vezes a justiça é desconhecida e outras vezes vai-se faltando ao prometido até se matar a confiança na palavra dos povos. Sinal é de que a crise moral, mais do que a crise económica, está desgraçando o Mundo. Importa estar atento e, dentro do que pudermos, preparado.
O Problema Político Externo - Criação de uma Política Externa Portuguesa (03)
(«Balanço da obra governativa» — Discurso aos oficiais de terra e mar, em 27 de Abril — «Discursos», Vol. II, págs. 37-38) – 1935 Consultar todos os textos »»
|