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Com a nossa paz, a nossa ordem, o nosso equilíbrio, o nosso crédito, o nosso trabalho nós temos contribuído decididamente para a paz, para a ordem, para o equilíbrio, para o crédito e para o trabalho no mundo. Fizemo-lo sem protecção, sem auxílio de qualquer espécie; que digo? fizemo-lo apesar dos obstáculos que de muita parte se têm erguido contra a nossa acção; fizemo-lo com a preocupação de não prejudicar a acção alheia. Propositadamente vinco esta referência, porque me parece dever ser princípio superior de orientação na restauração nacional nada se fazer que seja obstáculo a que outros países resolvam também os seus problemas vitais. Fiéis, direi, quase sacrificados a este critério, nós somos em matéria de trabalho, de comércio externo, de câmbios, de comunicações internacionais um dos poucos países que hoje pretendem desenvolver-se sem molestar ou restringir a fortuna alheia e os direitos que se haviam geralmente reconhecido como conquistas da civilização moderna. Eis a nossa tese e a nossa posição: nacionalismo intransigente, mas equilibrado, que simplifica a solução dos problemas no mundo, aproveitando o quadro natural da divisão em nações, que trabalha com claro sentido da solidariedade internacional para que contribui com o seu activo de realizações e cujos superiores interesses não ofende nem contraria com a actividade desenvolvida no plano nacional. É este o espírito com que trabalhamos, hoje nem sequer ideia minha ou deste Governo, mas preceito expresso da nossa Constituição. Depois de algum tempo perdido, de muitos atritos e de algumas desilusões, voltarão os espíritos à boa razão, e este suspeito e curioso comunitarismo internacional, que consistiria em uns disporem dos bens e outros da boa vontade.., de ficar com eles, há-de desaparecer também. O sentido e as realidades sociais, das profundas realidades nacionais, acabará por impor-se à visão dos altos dirigentes e imprimirá novas directrizes à marcha das coisas. A nós hão-de vir encontrar-nos então trabalhando tranquilos na unidade política e económica de Portugal e do seu Império, de que queremos fazer poderoso factor de paz e de progresso do mundo.
O Problema Político Externo - Criação de uma Política Externa Portuguesa (01)
(«A Nação na política colonial» — Discurso na abertura da I Conferência dos governadores coloniais, em I de Junho - «Discursos» Vol. I, págs. 232-234) – 1933 Consultar todos os textos »»
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