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Seria aventuroso pensar que nos determinámos ou não determinámos pela actual crise do pensamento colonial, que se exprime pela condenação sumária da obra de colonização empreendida por várias nações europeias e pela finalidade única, um tanto ingénua e presunçosa, assinada nos areópagos internacionais à administração dos chamados territórios dependentes. Os nossos juízos, os nossos actos não influem nas deliberações alheias e, neste particular, também não são influenciados por elas. Partimos da convicção de que melhor iria ao Mundo se ele apreciasse com justiça o processo histórico da colonização que, em virtude de circunstâncias especiais ou vocação assinalada, faz parte integrante da vida e missão de algumas nações. Isso seria mais meritório do que empenhar-se em dividir ou anemizar soberanias, que tudo são processos de enfraquecer pontos de apoio do Mundo. Ao fazermos o nosso exame de consciência — nós, velho povo colonizador, com mais humanitarismo prático que o que escorre do idealismo de alguns cenáculos, nós que reconhecemos deficiências e até erros na acção histórica desenvolvida —, temos a orgulhosa sinceridade de nos ufanar dela e de concluir que, mesmo quando precisemos de ajudas, podemos dispensar tutelas.
POLÍTICA ULTRAMARINA (09)
(«Governar, dirigindo a consciência nacional» — Discurso às comissões da U. N., em 12 de Dezembro — «Discursos», Vol. IV, págs. 489-490) – 1950 Consultar todos os textos »»
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