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As ideias destes discursos são geralmente conhecidas: posso mesmo dizer que não são minhas, mas da colectividade, ou porque as fui beber às profundezas da consciência nacional ou porque, correspondendo ao estado de espírito do País, este as adoptou e fez suas. Todavia, a situação especial do autor pôde fazer delas não só pensamento mas acção.
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Pelo pensamento, em virtude do que se acaba de dizer, pela maneira, em virtude do que é geralmente conhecido, estes discursos não se aproximam de quaisquer modelos do nosso recente passado político: pertencem a outra escola. Ser desviada a política das competições e lutas partidárias devia ter só por si influência neste género de produções. Mas, se não tivesse, nem mesmo assim deixaria de imprimir-lhes nova feição o deliberado propósito de fazer arrefecer as paixões e animosidades pessoais, de tratar com objectividade os problemas, de manter na governação permanente atmosfera de dignidade e elevados sentimentos. Por este processo se tem habituado a Nação a desgostar-se das virulências e dos insultos como inestéticos e indignos da sua inteligência. Pode supor-se que trilhar este caminho tenha sido fácil ou cómodo; nem sempre, porque o meio, ainda não purificado, tem solicitações doentias. Aos homens indignamente atacados apetece, parece até impor-se a resposta no mesmo tom, como único desagravo capaz. Não nego que fosse justiceira a réplica, mas posso negar que fosse útil. Assim se voltaria ao princípio. Os princípios morais e patrióticos que estão na base deste movimento reformador impõem à actividade mental e às produções da inteligência e sensibilidade dos portugueses certas limitações, e suponho deverem mesmo traçar-lhes algumas directrizes.
O Problema da Educação (18)
(«Para servir de prefácio» - «Discursos», Vol. I, págs. XLIX e LIII-LIV) - 1935 Consultar todos os textos »»
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