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Arredando do meu caminho, menos por virtude que por necessidade, tudo o que possa constituir satisfações do Poder, tenho procurado surpreender as terras e as coisas no desalinho da sua vida diária e fugido a vê-las envoltas em galas festivas, sempre artificiosas, mesmo quando absolutamente sinceras. Por outro lado, havendo sucedido ao tempo das promessas o tempo das realizações, ainda que se trate de obras de transcendente alcance, como a construção de casas económicas, só nos importa verdadeiramente a inauguração.., do fim, porque é timbre do Governo não prometer – realizar, não começar – fazer. ……………………………………………………………………………………………………………….. Se supomos que tudo está feito ou, ao contrário, que nada se fez, não compreendemos o que se passa nem a dificuldade do que se ambiciona. Revolução tão extensa e tão profunda, ou não chega a ser nada ou se opera pela lenta absorção de princípios novos que inspiram a vida dos homens, e estará tanto mais adiantada quanto mais a sentirmos dentro de nós mesmos. ……………………………………………………………………………………………………………….. Para nós não há acusações falsas como arma política, nem factos que não sejam os verificados, nem promessas que não sejam a antecipação de propósito amadurecido e de plano seguramente realizado. Se somos contra os abusos, as injustiças, as irregularidades da administração, o favoritismo, a desordem, a imoralidade, isto corresponde a um sério pensamento de governo e não a uma atitude política à sombra da qual cometamos os mesmos abusos e as mesmas injustiças. Ai dos que fingem abraçar estes princípios de salvação nacional, e dizem acompanhar-nos na obra revolucionária, e sabem que queremos ir ousadamente pelas reformas sociais elevando o nível económico e moral do povo, e no fundo pretendem apenas adormecer na esperança as reivindicações mais vivas e aproveitar a paz que lhes conquistámos para esquecer as exigências da justiça. Esses não são nossos, nem estão connosco.
O Problema da Educação (16)
(«O espírito da Revolução» — Discurso na visita oficial ao Porto, em 28 de Abril — «Discursos», Vol. I, págs. 313-314-317 e 318) - 1934 Consultar todos os textos »»
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