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Se a fé não é uma mentira, será fonte inesgotável da vida espiritual; mas, se como virtude é dom de Deus, nem compreendemos que se imponha pela força nem a vantagem de se contrariar a sua prática. Através da História tem sido muitas vezes programa de Governos ou de Estados estender às almas a ânsia de despotismo e destruir nelas o germe da fé. Inglória tarefa! Vem o tempo, repara os estragos, reconstitui as igrejas e o culto, mas já não pode fazer ressurgir virtudes que se não exerceram, nem evitar a triste desolação das almas que perderam um mundo. À parte o valor intrínseco da verdade religiosa, individualmente, socialmente temos necessidade do absoluto, e não vamos criar por nossas mãos de entre as coisas contingentes e efémeras o que existe fora e acima de nós, nem desviar para o Estado a função de decretar o culto e definir os princípios da moral. Esta atitude nos levou a considerar o Poder moralmente limitado e nos tem valido não cometermos o erro ou o crime de deificar o Estado, a força, a riqueza, a técnica, a beleza ou o vício. Compenetrados do valor, da necessidade na vida duma espiritualidade superior, sem agravo das convicções pessoais, da indiferença ou da incredulidade sinceras, temos respeitado a consciência dos crentes e consolidado a paz religiosa. — Não discutimos Deus.
O Problema Político Interno: A NAÇÃO, O ESTADO E A IGREJA (02)
(«As grandes certezas da Revolução Nacional» - Discurso no décimo aniversário do 28 de Maio - «Discursos», Vol. II, págs. 130-131) – 1936 Consultar todos os textos »»
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