O português é eivado de individualismo e toda a regulamentação da sua actividade privada lhe é molesta. Penso que tem de refazer neste ponto a sua educação e que o seu modo de ser não se ajusta às necessidades dos tempos. Estes já não podem dispensar orientação superior e disciplina económica, seja qual for a doutrina oficial do Estado. Mas orientação e disciplina económica não exigem malhas tão apertadas para o enquadramento da actividade nacional como aquelas que as circunstâncias levaram a prescrever e ainda em parte se mantêm.
O Governo tem de fazer a revisão urgente de tudo quanto se incrustou na regulamentação da vida económica por efeito de leis de condicionamento ou da iniciativa de organismos corporativos ou de coordenação, de modo a libertá-la das restrições e disciplinas que não sejam indispensáveis ao equilíbrio e defesa da economia no seu conjunto. É obra que se impõe com o duplo fim de desonerar os povos e não deixar desacreditar a organização.


Liberalismo e Dirigismo (14)

(«Questões de política interna» — Discurso aos governadores civis, comissões da U. N. e candidatos a deputados, em 20 de Outubro — «Discursos», Vol. IV, pág. 454) – 1949