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Pelo jogo das circunstâncias indicadas e em virtude do peso da herança recebida, viu-se logo desde o começo que o Estado, ao enfrentar o problema económico, havia de desempenhar papel de maior relevo do que aquele que em tese entendemos lhe compete. Em numerosos países se fazem hoje nacionalizações de empresas, isto é, se faz socialismo. Estranham muitos que numa Europa empobrecida, com necessidade instante de aumentar a produção, se tenha enveredado por caminho que mais provavelmente conduzirá ao definhamento ou estagnação económica. Mas deve entender-se que, salvo raros casos, se trata, não de providências económicas, mas de actos políticos impostos pelas massas, convencidas de que os proventos próprios aumentariam fortemente com a limitação ou anulação dos encargos do capital e dos lucros da empresa. Deixemos porém correr a experiência alheia; é lição que nos ficará de graça. Esta forma de intervencionismo na vida económica não a perfilhamos, pois; mas onde a iniciativa privada falha, os capitais não se arriscam e a acção impulsionadora ou coordenadora do Estado é imprescindível dentro dos quadros da produção, tem este tomado a responsabilidade da formação e direcção de empresas. Nos casos em que de facto se trata de ser ou não ser, transigiu-se com a intervenção, mas de preferência em empresa mista de que o Estado possa retirar-se, uma vez lançado e acreditado o empreendimento.
Liberalismo e Dirigismo (13)
(«Prefácio à 4ª edição» — «Discursos», Vol. I, págs. XIX e XXI) – 1948 Consultar todos os textos »»
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