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Há nitidamente falta de controlo nas ambições dos homens; há nitidamente falta de proporção entre estas e os meios existentes ou que nas circunstâncias actuais podem ser criados para a sua satisfação. Se o desequilíbrio não é sanado pelo regresso a sentimentos de modéstia e economia ou por maior capacidade de produção e maiores possibilidades de consumo, o que poderá ser da pobre humanidade? Ora, ao mesmo tempo que os homens aspiram a uma parte maior de riquezas já insuficientes ou ameaçam imprevidentemente consumir as riquezas acumuladas por séculos de trabalho e de economia, as desconfianças e nervosismos da situação internacional levam a subtrair cada vez maior soma de bens ao legítimo consumo dos homens em benefício dos armamentos, desviam neste sentido a orientação natural das economias nacionais e chegam por essa e outras vias a fazer secar o crédito internacional, por meio do qual países ricos, mais progressivos ou bem dotados, poderiam vir em auxílio do desenvolvimento económico dos outros. Ao contrário disto, acumulam alguns ouro inútil, cujo peso deprime ainda a sua própria economia. Estamos metidos em círculo vicioso que seria preciso romper para bem da humanidade; achar o ponto mais fácil de rotura é decididamente o problema dos problemas do nosso tempo.
O PROBLEMA DA RIQUEZA; SUA FUNÇÃO SOCIAL; CAPITAL E TRABALHO (04)
(«Pela Paz» — Resposta do Governo Português ao Memorando Hull, em 20 de Agosto — ((Discursos)), Vol. II, pág. 331) – 1937
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